Seguidores

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

"No meio do caminho tinha uma pedra..."








Um dia me pensei  pedra.
Não uma pedra específica, pequena ou grande, preciosa ou não, mas apenas a essência presente em todas as pedras, onde quer que se encontrem. 
E como seria ser pedra?
Muda. Pensativa. Estanque. Sólida e só, permanecer eternamente.
Exposta aos caprichos da natureza desde que o mundo é mundo. 
Refém das marcas do tempo, me expondo em lisuras, asperezas, formas  e sulcos. 
Retrato e constatação da vida que passa.
Pensar, pensar, repensar, mas não poder compartilhar minhas descobertas e conclusões.
E assim, esquecida  entre ruínas e escombros, o coração endurecido, rijo, me perder em eternos silêncios e sombras, relembrando geleiras, dilúvios, tremores.
Como pedra de rio, seixo rolado, ser  incapaz de decidir meus próprios movimentos, sendo arrastada vagarosamente pela correnteza das águas, que murmuram segredos e histórias ouvidas por entre as margens. Obediente seguir rio abaixo, parando aqui e ali e cumprindo meu destino em viagem sem fim.
Escondida em cavernas, sobreviver entre reentrâncias, assimilando profundamente a ação corrosiva dos séculos. 
Testemunha de rituais sagrados, de conversas ao redor do fogo, ter presenciado a história que poderá ser contada aos homens do futuro através de minhas marcas e fendas, pela interpretação dos símbolos impressos em minha superfície.
Mestra na arte de conhecer as horas pela sombra projetada pelo sol ou pela lua, ser útil na contagem do tempo.
Coberta de musgos e fungos, trazer os vestígios do passado fossilizado em minhas entranhas, protegido  por armadura natural, moldada pela força dos ventos, da chuva, da neve, do sol.
Como é duro ser pedra!
Se entregar de maneira natural e espontânea à contemplação da natureza, vivenciar  como espectadora suas eras, pertencer ao arquivo do passado e aguardar imóvel e muda, o encontro com a posteridade.

terça-feira, 2 de abril de 2013

Onde mora a felicidade





Pensar em coisas que me fazem bem ou me deixam feliz? Seria talvez, como explorar os cantos e encantos onde mora ou se esconde muitas vezes, a minha felicidade! Neles vislumbro aquele sentimento gostoso que massageia e faz levitar meu coração.

Para começo de conversa, adoro estar rodeada pelos filhos que me ensinam a rir da vida, de mim e das minhas próprias risadas. Gosto de ouvir suas histórias e de saber que olham a vida com otimismo, embora com quatro maneiras de olhar diferentes. E isso é que torna tudo lindo!

Sempre que possível, gosto de andar pelas ruas apreciando as pessoas, pensando em como serão suas vidas e percebendo seus gestos, seu tom de voz. Observo o feitio das árvores, suas linhas e contornos e penso em como ficariam desenhadas no papel. As nuvens, as perspectivas dos prédios, se estão bem cuidados e como seria bom, ou não, morar neles. E ir assim, delineando os espaços e a vida entre eles, sem pressa.

Outra coisa que me faz bem? Comer um docinho no fim da tarde. Tem coisa melhor? Numa cafeteria aconchegante, um pedaço de torta integral de banana e um café fresquinho. Hmmm… Que tal? Nem sempre a dieta permite, mas faz parte da felicidade mandar as restrições às favas, de vez em quando. Acrescentamos ao cenário uma grande amiga, daquelas com quem adoramos papear, trocar figurinhas e aí então, fica perfeito!

Ah, e olhar pro céu à noite quando falta luz, lá em Araruama! Contemplar a imensidão com milhões de estrelas e planetas e tentar nomear as constelações. Imaginar outros mundos habitados, fazer pedido às estrelas cadentes e admirar os incontáveis vagalumes brilhando aqui e ali. Relembrar velhas histórias, cantar e tocar violão no escuro. Essa, porém, é uma felicidade que tenho que pinçar da memória, pois os momentos sem luz, quando existem ,são muito rápidos. E eu também já não estou por lá.

Um mergulho no mar, também não pode ser esquecido e é bem que não tem preço! Sentir a água no corpo, no rosto, molhando os cabelos. O coração bate mais forte e se agita como as ondas! Caminhar na beirinha da água, com a espuma beijando meus pés . O mar inspira e emociona, principalmente se você se deixa tocar por seus ruídos, seu horizonte inalcançável e seus humores inconstantes.

Para completar, me faz bem a música, a poesia, o livro. Assim como a dança, a natureza, a história. E mais que tudo, a oportunidade de viver esse momento, a liberdade de fazer minhas escolhas e ser quem eu sou, direito e avesso, correndo os riscos de estar viva e sem medo de ser feliz!

segunda-feira, 21 de março de 2011

Felicidade



Quero esperar da vida o que ela me trouxer. Nada de ansiedades, de medos ou de inquietações.
Assim, gostaria de viver... Um dia de cada vez, sem pressa, sem sustos, sem desilusões. E sabe que tenho tentado?
Mas é difícil e quando menos espero, lá estou eu exigindo da vida tudo aquilo que penso ser meu, por direito. As vitórias que almejamos, nunca chegam por inteiro, mas em conta-gotas, bem devagarzinho. Avançamos e recuamos todos os dias.
E há dias em que o corpo e o espírito, esperam e anseiam por mais. Mas, o mais não vem e o que fazer com tantas expectativas?
Construí um ninho para o amor e cuido dele, noite e dia, dia e noite, sem descansar um minuto que seja. Espero por ele todos os dias, pressinto sua chegada, escuto seus passos, ouço sua voz e espero sempre que ele entre de mansinho e que mesmo esperando, eu ainda assim me surpreenda.
Sei que a ansiedade é inimiga, que termina por alongar a ausência e prolongar a espera, mas às vezes é tudo que sobra... A espera.
E dizem que sou forte, paciente. Talvez sim, mas também tenho medo, conheço a solidão e sinto dor.
Tenho medo de que o amor que chega, não seja o mesmo que partiu, que a velhice chegue e me encontre ainda esperando o que não terei mais tempo de viver.
E passo pelos espelhos revendo imagens de ontem, de quando o amor aqui morava , conversava comigo, me amava e me fazia feliz. Lembro de seus encantos, de seu olhar maroto, de sua vitalidade, de seus risos, de suas promessas e segredos. E busco nessas lembranças, motivos pra me alegrar, como álbum de antigas fotos que fazem rir e chorar.
Há pessoas que têm medo de amar, de se entregar, de sofrer, de arriscar, de viver, enfim. Talvez fosse mais tranqüilo ter permanecido no meu canto,  no meu mundo, mas optei por buscar a felicidade e ela fugiu de novo, sem que eu pudesse guardá-la.
Bem, mas a felicidade nasceu para ser livre, não para ser aprisionada. Sua natureza é nômade, se utiliza de várias faces, de várias nuances e cores e deixa saudade por onde passa.
Tive o privilégio de conhecê-la, viveu comigo por um curto período de tempo, mas até hoje, continuo acreditando na sua promessa de voltar. Prometeu? Sim, tenho certeza de que, em algum momento, ela me prometeu isso.
E assim que ela entrar pela porta, faço questão de fazer uma grande festa, com muita música para dançar, dançar e dançar. E espero que dançando de rosto colado, ela possa me falar da saudade que sentiu e do seu desejo de nunca mais viver longe de mim.
Não demora, Felicidade! Volta depressa pra mim!